Depois do bebê a gente enfrenta de tudo. Coisas que antes
nem imaginava que poderia passar.
Que é difícil ser mãe em um mundo capitalista, isso não é
novidade pra ninguém. Eu, que não sou diferente, estou mais que inserida neste
contexto. Me programei durante meses a fio para largar meu emprego e ficar
cuidando da Abeille. Juntei minha grana pra ficar cuidando dela por mais tempo
que a licença maternidade me permitiria. E mesmo assim, me sinto culpada. Me
sinto cobrada por não estar produzindo nada além de leite e amor.
E foi mais por essa culpa, menos pela vocação, que topei ir
a uma entrevista de emprego. Mas era para atuar como fisioterapeuta, profissão
que não exerço há anos e esta seria uma boa oportunidade para voltar à ativa.
Primeiro que entrevista de trabalho a gente não pode se dar
ao luxo de marcar hora que nem cabelereiro. Tem que ser um horário viável pro
patrão. Horário de expediente, justo quando o marido também está trabalhando. E
morando em uma cidade longe da família inteira, não tinha sogra, tia e nem mãe
pra ajudar em nada. Paciência, joguei com o que dava. Liguei pra dona da
clínica e perguntei se ela se importava que eu levasse a minha neném. Ela
concordou, o que na verdade já foi uma grande sorte minha, pois muita gente
jamais poderia imaginar uma entrevista de emprego com um bebê a tiracolo. (O
que já começa por aí a injustiça com as mães que precisam retornar ao mercado
de trabalho...)
Foi nessa hora que percebi de fato como tenho me virado
sozinha com a Abeille.
Logo de manhã, o pai da criança está pronto para trabalhar.
Todo alinhado, de jeans novo, camisa social, cueca vermelha (hein?). Ele sai
com muita antecedência para não se atrasar. Eu de camisola, com criança de
fralda suja no colo, despachando santo, marido e afins. Corri pra me arrumar.
Botei minha única calça branca, afinal, entrevista em área de saúde, caía bem
uma roupa clarinha, né? Arrumei a Abeille de roupa branca também.
Deixei tudo pronto. Eram dez e meia, só faltava dar o
suquinho dela e sair, para chegar lá ao meio-dia. Erro grave. Nunca se arrume
antes de dar a comida para o bebê. Ao final estávamos as duas respingadas e
fedendo a laranja lima. Entrevista com cheiro de laranja não dá! Dei um peitão
emergencial, porque na ansiedade de fazer tudo correndo, é lógico que a criança
não quis o suco. Não dava tempo de tomar banho. Troquei as roupas – minha e da
Abeille. E saímos perfumadas de laranja lima. Pelo menos sem os respingos
amarelados nas roupas brancas. Tive que ir de jeans comum mesmo.
A coisa fluiu mais ou menos, mas ao final, percebi que esta
oportunidade me ofereceria um salário suficiente apenas para pagar a creche da
pequena e cobrir meus gastos com transporte. Acabei desistindo. Resolvi desencanar
e dar mais um tempo até ela fazer um ano, como eu tinha me programado. Até lá
vou aproveitar o tempo livre para estudar, me aperfeiçoar na minha área e
curtir minha pequena um pouco mais.
Oi, Opi! Havia feito um comentário enooorme... mas a internet me deixou na mão, afe! Respondi para vc lá no blog tb! Menina, essa de ir a entrevista de emprego com o BB, adorei!!! Pena isso de nosso tempo longe de nossa família ser tão barato - e é aí que entra a escravidão - trabalhar por creche e transporte, não rola, né? Foque no seu coração, no seu porquê. Abra sua mente! AAs coisas acabam vindo ao seu encontro! Beijos!
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