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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Doe seus brinquedos (ou deixe de lado o consumismo excessivo)

Outro dia deparei com uma foto no face de uma amiga. Eram vários brinquedos de sua única filha (muitos, muitos) dentro de uma caixa, com a legenda: Natal é tempo de doar para quem tem menos. Faça você também.
Parecia lindo, um coração caridoso e novecentas curtições. O que eu vejo é um consumismo exagerado. Fruto de festas megalomaníacas, de super-valorização das datas comerciais, desvalorização da cultura nacional, da arte, da educação...
A criança já foi visitar uma aldeia indígena? Ao invés de montar uma árvore de 2 metros cheia de quinquilharias, porque não aprender a soltar pipa, na rua, junto do pai ou da mãe? Porque temos que comprar todos os brinquedos que estão na moda? A criança pediu de verdade? 
E as crianças pobres? Elas precisam de brinquedos velhos? Ok, nada contra passar adiante. Mas super valorizar esta conduta de "ter bom coração" somente baixa uma cortina diante da pobreza, para que possamos seguir tranquilos na nossa ida ao shopping. Na verdade, dizemos: Filho, vamos dar os brinquedos velhos para ter espaço para os novos. Ok, fizemos nossa parte. 
Aí reside o problema. O consumismo desenfreado vai continuar. A produção de brinquedos made in china com trabalho escravo vai continuar. A pobreza na favela também vai continuar. Talvez devêssemos desviar do caminho do shopping. Do buffet infantil, do salão de festas, do salão de beleza. Levar as crianças em lugares onde todos possam frequentar. Deixar uma criança brincar com a outra, trocar com a outra. Trocar um brinquedo usado por outro brinquedo usado. Se é que você me entende. 
Desta forma, talvez possamos dispersar a concentração de bens materiais em uma só criança. Talvez assim, possamos formar mentes revolucionárias e menos alienadas. E talvez, quem sabe, no próximo ano não tenhamos uma caixa cheia de brinquedos velhos para doação. 

Esse texto faz parte da Blogagem Coletiva do blog Refúgio das Palavras

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