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quinta-feira, 5 de março de 2015

A catança de acerolas

          Aqui em Serra Pelada não tem baixo bebê, não tem cine materna e nem workshop de yoga infantil. Não tenho do que reclamar. A cidade tem um pequeno teatro municipal, onde consigo a cada trimestre uma peça que sirva para Abeille assistir e um grande festival de Jazz que acontece uma vez por ano. E tem uma livraria com sessão infantil, que inclui livros importados! Nossa escolha foi não comprar brinquedos para Abeille até que ela comece a pedir. Por enquanto, vamos nos virando com o que ela ganha dos parentes. No intervalo eu vou inventando nossas atividades com as facilidades que nos disponibiliza uma cidade de interior.
          Aqui perto temos um pé de acerola. Que flori e produz com mais frequência que nosso teatro municipal. Abeille chama de pitanga (pitóga na língua dela). Quando o pé está carregado de frutos vermelhos, vamos até lá de mãos dadas, carregando uma cestinha. Voltamos, lavamos as frutinhas e ela come tudo.
          Hoje fomos até lá, cheias de expectativa. Mas já havia passado por ali um gaiato (como nós duas) que limpou a arvorezinha. Só havia umas últimas resistentes nos galhos mais altos. Para que ela não ficasse frustrada, subi no muro e catei as benditas. Rendeu umas dez acerolinhas meio amareladas - o que para ela é muito pouco. Saí coceirando o corpo todo, mas sabendo que a missão foi cumprida. Que fizemos uma atividade juntas, que estivemos perto da natureza e que a Abeille cooperou com a atividade. Não tinha selo do Inmetro (já falei disso aqui antes). Não tinha método a ser seguido, não foi feito com intuito de desenvolver a coordenação motora e nem a percepção espacial.
Éramos mãe e filha de mãos dadas em busca de pouco mais de meia dúzia de acerolas que ainda restavam no pé. Isso, nada mais.

6 comentários:

  1. Ahhh, pitóga, que delicia, rs! Por aqui eu e Liana temos muito mais recursos, mas vejo que o que a Liana gosta mesmo é das coisas mais simples: brincar no chão da cozinha com algumas vasilhas enquanto eu cozinho pra gente e brincar com caixas de papelão e plásticos. Esta semana meu marido comprou blocos de madeira pra ela e o que ela mais gostou foi amassar o plástico que veio em volta da caixa de blocos.
    Beijos, Rita :)

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  2. Hahaha! A Abeille tá saindo da fase das embalagens, mas entrou na fase das casinhas. Cada vez que chega aqui uma caixa grande, abrimos portas e janelinhas e deixamos uns dois dias para ela se divertir. Depois dou sumiço na coisa. Ninguém merece caixa de papelão uma semana no meio da sala! Rsrs

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  3. Gente, mas que blog mais legal! Vi que você passou ali pelo meu, vim aqui fuçar e tô lendo tudinho!
    Como é bom encontrar pessoas assim, leves, mesmo que a vida não seja tão leve.
    Muito bom!
    Vou ler mais. Beijos!

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  4. Pois é, aconteceu o mesmo. Passei lá no Salada e não conseguia parar de ler. Adorei.

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  5. Amiga que atividade linda!!
    Às vezes tb me perco nessas palavras e métodos difíceis... e quando por curiosidade vou ler percebo que na minha inocência, colocamos em prática alguns dos métodos.
    Criança se satifaz com simplicidade.
    Reside nas coisas simples o maior aprendizado... e as pitógas... encantam e ter essa experiência de colher direto do pé, mesmo que seja por cima do muro, acarretará em lindas lembranças para vocês duas para o resto da vida.
    bjs, Cris

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  6. Obrigada pelo comentário. Cris. Palavras com as suas me dão força em continuar valorizando os momentos simples.
    Bjs

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